sábado, 28 de agosto de 2010

Feliz solidão

Gosto dos meus momentos de solidão, de acender velas, de ficar ouvindo música ,de ler, de cuidar do meu cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá, curtir minha casa.
Sozinha.
As vezes gosto de paz, de silêncio.
Muitas amigas não entendem esse meu jeito de ser, quando recuso um passeio e digo que vou ficar sozinha em casa, me dizem que isso é sintoma de falta de amor.
Eu sou assim , em meu interior existe uma grande riqueza de vida, a capacidade de estar só e de me distrair comigo mesma revela alguma densidade interior,  cultivo uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos simplesmente desconhecem.
A maioria das pessoas parecem permanentemente voltada para fora.
Despejam seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta.
Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói.
É preciso parar de pensar  que atrás de toda solidão  há desespero.
Que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia.
Pode haver escolha.
Ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa, desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos, o que nem sempre é fácil.

Eu adoro quando chove, quando eu sinto que ajudei quem merece, quando eu fico sozinha.
Quando lembro do que eu achei que tinha esquecido pra sempre, quando  acordo e percebo que tenho mais uma hora pra dormir, quando eu vejo que valeu apena, quando me identifico, quando passa, quando começa, quando chega, quando alivia... adoro.
Adoro quando eu entendo, quando não procuro entender.
Quando eu to longe e mais ainda quando estou perto.
Adoro quando aprendo com pessoinhas de 4 anos de idade, ou de 98 anos.
Adoro quando tudo gira, quando para tudo.
Adoro quando chega o dia,  chega a hora.
Quando da frio na barriga.
Adoro saber que estar comigo mesma já é não estar sozinha.

sábado, 14 de agosto de 2010


Encontrei mais do que um homem que conquistou a minha vida e todo o meu ser eu encontrei o amor, o verdadeiro e puro AMOR.
Cada vez que estou contigo o meu ser é transportado para o mundo da fantasia onde tudo é magia…
Vc me faz viver noutra época, num lugar onde só o nosso amor existe e é a força poderosa que o faz girar…
Mesmo quando estamos distantes nos encontramos em nossos sonhos, e somos inseparáveis, como a noite e a lua.
Quando chega a noite adormecemos abraçados a contar as estrelas, elas são as velas que iluminam o luar que a noite nos ofereceu de presente.

A madrugada quer voar e com ela levar a nossa alvorada.
Nasce o sol e a sua luz desperta-nos da doce imaginação inconsciente.
Ergue-se o dia,
Deita-se noite.
Vejo o teu rosto, sinto o teu gosto.
Senti com um longo beijo de amor, o primeiro deste dia de alegria.
Vivemos um para o outro envoltos na brisa do mistério secreto que é o amor que nos une, que nos funde…
Partilhamos mais do que tudo, um sentimento que sempre correrá no nosso sangue.
Nos unimos em um só ser, em um sentimento imortal tão grande que nem dentro de nós cabe mais…
Para que sonhar quando a nossa vida já se transformou num eterno sonho?
Amo-te mais do que tudo que pode existir e que poderia amar.
Quando estás longe o meu coração reclama e desespera de saudade.
Sinto saudade do teu lindo sorriso, do teu beijo, do teu cheiro, do teu calor do teu amor…

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia...




A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor.

E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora.

E porque não olha para fora, logo se acostuma e não abrir de todo as cortinas.

E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo à luz.

E, à medida que se acostuma se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.

A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora.

A tomar café correndo porque está atrasado.

A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo.

A comer sanduíche porque não dá para almoçar.

A sair do trabalho porque já é noite.

A cochilar no ônibus porque está cansado.

A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.

E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos.

E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz.

E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”.

A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.

A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita.

E a lutar para ganhar com que pagar.

E a ganhar menos do que precisa.

E a fazer fila para pagar.

E a pagar mais do que as coisas valem.

E, a saber, que cada vez pagará mais.

E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes.

A abrir as revistas e ler artigos.

A ligar a televisão e assistir comerciais.

A ir ao cinema e engolir publicidade.

A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros.

À luz artificial de ligeiro tremor.

Ao choque que os olhos levam à luz natural.

Às bactérias de água potável.

À contaminação da água do mar.

À morte lenta dos rios.

Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto.

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.

Em doses pequenas, tentando ñ perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.


Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.

Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo.

Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.

E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.

A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele.

Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.


Marina Colassanti