domingo, 31 de outubro de 2010

Quando alguém vai embora

Quando alguém vai embora, para nunca mais voltar, a alma leva um grande choque, por mais q a cabeça entenda q absolutamente tudo nessa vida é provisório e passageiro, q os caminhos se cruzam e descruzam , e q certas coisas são inevitáveis.
Então, a alma se veste de negro, recolhendo-se, e ficando vazia e triste.
Às vezes, os olhos, as mãos, a boca vazam essa tristeza; outras vezes, não há ânimo nem para isso.
E assim, vestida de negro, a alma contempla a vida, esperando a hora de voltar a sorrir, ainda q o sorriso tenha um traço leve de tristeza - o traço deixado pelo alguém q foi embora.

Quando alguém vai embora, o tempo castiga quem ficou.
O dia tem mais horas, os minutos mais segundos, e tudo é mais demorado e difícil.
E, nessas horas, chega-se a ter certeza q jamais poderá seguir em frente com a falta tamanha q aquele alguém q foi embora faz.
Mas a vida segue, e quem ficou segue com ela.

Quando alguém vai embora, quase sempre vem um arrependimento, e a sensação estranha de q não há mais chances.
Fica-se pensando na conversa importante q não houve, no carinho q se deixou pra depois, nos erros q foram cometidos, no desabafo q não foi externado no amor que ficou pra ser sentido, no tempo q era pra ser vivido juntos e cheio de tantas coisas, e agora tem q ser passado em solidão.
E tudo isso vai formando um nó q tampa a garganta, interrompe a respiração durante o sono, não te deixa comer e provoca uma sensação de abandono q só poderia ser deixada por aquele alguém q foi embora, porque cada história é única.

Quando alguém vai embora, quem ficou percebe coisas q antes não eram percebidas, e quanto mais o tempo passa, mais se percebe.
Começa a fazer falta aquele olhar de carinho ou reprovação, aquela voz invadindo a casa, aquele jeito de falar e abraçar; e no começo dá a impressão de q tudo isso ficará perdido em algum lugar inatingível.
As datas especiais ficam doloridas.

Quando alguém vai embora, as dúvidas começam a rondar a cabeça, e a fé sofre um abatimento.
Percebe-se q o mais forte dos homens,  o mais saudável ser, um dia, sucumbe.
Percebe-se q a existência é frágil.
Duvida-se da vida, da morte, das pessoas, do amor.
Assim como vem, as dúvidas vão e voltam sem resposta, porque não há respostas.
E tudo isso pode virar amadurecimento ou amargura, dependendo de como quem fica quer aproveitar a experiência de perder o alguém q foi embora.

A verdade é q o mundo todo acaba quando alguém vai embora.
E não dá a menor vontade de reconstruir nada. Nada.

Quando alguém vai embora, normalmente, se tem o carinho dos outros q ficam, e, passando pela mesma dor ou não, se preocupam em ser um consolo.
E os abraços, os carinhos, as palavras, as lágrimas solidárias, o calor da alma dessas pessoas vai começando a esquentar a alma fria de quem ficou, a fazer efeito e recuperar o coração quebrado.
E é nessas horas q se percebe o valor q tem dividir a vida com muitas pessoas em todos os momentos, porque são elas, e não o alguém q foi embora, q vão ajudando a levantar e olhar pra frente.

Quando alguém vai embora, quem ficou começa a trilhar uma estrada longa, q tem um nome melancólico - saudade.
Essa estrada, a princípio, é enlameada, escorregadia, escura, esburacada; e muitas vezes faz cair, machucar, e quase desistir de andar.
A dor é tão profunda, e parece estar enraizada em um lugar tão inacessível, q parece que nunca vai sarar. Mas ela sara.
Aos poucos, ela sara. E aí chega a hora de deixar o tempo fazer seu trabalho.

Chega a hora de sorrir de novo.
De deixar as lembranças serem somente lembranças.
De tirar o manto negro da alma.
E, de repente, a estrada, apesar de a cada dia ter mais uns passos de distância, vai se tornando cada vez mais leve, mais iluminada, bonita até.
E quem ficou percebe, na verdade, aquele alguém pode até ter ido embora, mas nunca deixou de existir, e isso é uma forma de vida.
A mesma vida q segue por tantas outras estradas q vão se cruzando,descruzando, e nunca voltam.
E percebe-se q só se tem a agradecer a oportunidade de ter estado com aquele alguém q foi embora, mas sempre estará presente, de alguma forma.
 E então vem aquela paz q só o amor de verdade pode dar.

Homenagem especial pra meu vô ( Vicente) e minha vó (Belinha) e tbm para todos os que já foram embora...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010



Nem todos os meus textos são sobres as coisas que eu estou passando no momento, muitas vezes são coisas que eu já vivi, e que ficaram guardadas por algum tempo, e eu precisei colocar para fora, ou somente quis compartilhar com vocês o que se passa no momento.
Não é fácil ter mil coisas a dizer, e ter que escolher o que pode ou não falar, e eu sou assim, tenho que selecionar tudo o que vou dizer, avaliar com cuidado quem vai ler, para saber o que falar, e isso é muito ruim.
Tenho mil coisas engasgadas que ficam perdidas em um arquivo qualquer no meu pc, sem poder mostrar para ninguém, não posso mostrar agora, mesmo sabendo que isso iria aliviar minha alma de alguma forma.
Isso também é uma forma de desabafo, tudo o que eu posto aqui de uma certa forma é.
Eu tenho muitas coisas a dizer, muitas opniões a dar, e um dia, mesmo que demore um pouco, eu vou esvaziar mil coisas que preciso dizer, mas acho que agora não é o momento certo.

domingo, 3 de outubro de 2010

Tenho ciúmes de você!


Certas coisas a gente só consegue sentir, e observar que está sentindo depois que toma conhecimento racional a respeito delas.
Antes de entender racionalmente que eu sentia ciúmes, eu era incapaz de ligar meu mal estar, minha raiva à atitude de uma pessoa, ou mesmo a uma pessoa.
Ficava irritada, de mau humor, chata e cobrava muito mais que o normal.
Mas era impossível de resolver o problema, pois eu não sabia ligar a causa à consequência.
Hoje, já ciente que eu sinto ciúmes sim! E muito. Posso escolher como reagir a ele.
Posso observá-lo dentro de mim, dando ordens de comando e remexendo tudo por dentro.
Posso senti-lo inteiro, manifestando em meu corpo, e em meus pensamentos.
O interessante é observar.
Neste momento já consigo me olhar de fora, como o observador distante, mas ao mesmo tempo presente.
E é impossível não rir de mim mesmo, ao me observar irritada, com raiva, dando chiliques…
Ao ler, ou escutar algo eu vou até a cena. Me vejo lá, observo tudo, estou em um canto, de braços cruzados, ou sentada, não muito próxima, mas presente o suficiente.  
O semblante passa tranquilidade, e quase um sorriso, mas na verdade destilo veneno através dos olhos. Vejo contato, risos, abraços, envolvimento, odeio o que vejo.
Eles riem juntos, trocam informações e a conversa rola solta.
E eu vejo, de fora, eu não participo. E mesmo que depois seja convidada, já não me interesso naquela diversão. A noite já perdeu a graça, já fui excluída...
Meu intelecto, meu racional, pensa: “Nossa, que legal isso, fico feliz por ele. ” “Não, eu não sinto ciúmes, quero mais que ele esteja feliz.” “Que bom que ele está feliz, que tem com quem conversar,e que está vivendo coisas legais com suas amigas” HAHAHAHAHAHAHAH
Quanta mentira!!! Muita mentira mesmo.
Da pior espécie possível, a que engana a si mesmo.
O que sinto na verdade é:  “Ele está se divertindo com as amigas, não acredito que ele se diverte sem mim” “Putz, quem será ela ?” “Que ódio. Eu que queria estar ali.”
Sério mesmo. É isso que eu sinto.
Mas graças ao meu bom Deus eu consigo não me mover guiada por estes pensamentos.
Ainda não consigo deixar de tê-los. Mas escolho não manifestar todo este orgulho, egoísmo e ódio contra a pessoa, tanto a que eu gosto, quanto a que passei a odiar instantaneamente.
Outra coisa a ser observada, como bem fala um amigo meu em seu blog, é a reação do corpo.
Sim! Ele reage sozinho. Mesmo que eu não queira escutar a voz maléfica que sussurra no meu ouvido, tentando me guiar, meu corpo escuta e me diz o quanto aquela situação me incomoda.
No caso do ciúme, posso sentir meu corpo se contraindo, sim, ele se fecha, se dobra, pra dentro, remoendo seu próprio veneno. O coração dispara, mas pesado. A respiração fica curta, quase falha, o rosto se fecha, o semblante fica carregado.
Me incomoda engolir, e minha boca seca, os lábios se contraem e ficam enrugados. Assim, como o coração. Preso, oprimido, em meio a tanta dor, e medo.
Neste momento, pra mim, assumir o sentimento negativo é o melhor. E eu quase grito. “SIM EU TENHO CIÚMES DE VOCÊ!” “EU QUERO VOCÊ SÓ PRA MIM”.
E depois de assumir, este orgulho e egoísmo, posso me sentir novamente onde estou. Aqui e agora, eu não estou mais presente na cena. Não estou encolhida mais. Estou em pé, inteira, aqui.
Ao me sentir presente, no momento, posso rir, me envolver, me sentir. Ao abrir meu peito novamente, pode ser que force por dentro, e abra um pequeno machucado. Mas ele é meu, é vivo, e eu posso senti-lo. Me livro do peso e mesmo com pequena dor, estou presente, e livre. 
Sinto que a pessoa não é minha. Ela não precisa estar comigo, e sim ele é lindo mesmo assim, e continuo o amando.
Ao livrá-lo de  mim, eu me livro dele também.  
E me livro de mim mesma.
Ele não precisa estar comigo. E eu não preciso estar com ele.
Eu pisco os olhos, sorrio e sinto quantas coisas existem lá fora.
O quanto vale a pena gostar, e sentir isso tudo. E como é bom escolher gostar de alguém.