quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Reflexões de uma mente cansada

Com uma vontade vacilante e o ânimo esgotado,
me sinto cansada e resolvo me sentar na arquibancada da vida a fim de recobrar minhas forças.
Lá de cima, observando nossa corrida de cada dia, deixo minha mente se aventurar em devaneios vãos.
Nascemos em uma corrida que é eterna, dura enquanto existir fôlego de vida em nosso ser.
Vamos bem devagarzinho no princípio, como que experimentando cada sensação dessa pista.
O cronômetro nunca pára, e nós também não.

Acompanhando a multidão, crescemos levados a correr de acordo com os que já corriam antes de nós e, certas vezes, forçados a pisar por caminhos que não queríamos ir, mesmo, aparentemente, tendo escolhido trilhar por eles.
Momentos se transformam em segundos, que dão lugares há horas e, quando vemos, já estamos há anos demais no caminho errado.
Tantos passos na jornada errada nos fazem querer voltar e tentar  seguir por outro caminho.

Uma parte de nós morre com o arrependimento, outra tenta ter esperança nos passos seguintes, considerando se não faltarão tão poucos passos mais que levem de volta ao caminho principal de nossas vidas. Mesmo divididos, somos forçados a continuar.
Lembrando das últimas voltas de minha corrida, percebo que corri um tanto quanto descompassado dos demais corredores a minha volta, pisando no contratempo da multidão.
Interesses divergentes, comentários fora de hora, brincadeiras não entendidas…

Mas sempre correndo, se bem que, nas últimas voltas, tive forças apenas para caminhar. Precisava de um ritmo meu, passadas firmes e do tamanho de minhas pernas. Tudo que consegui foi andar. Andei na esperança de ficar para trás, de me desvencilhar da multidão. Foi inútil.

Olhando aqui de cima, vejo que vida se repete assim como relógio dá voltas. Muitos dizem que o tempo é cruel, não volta atrás, e no entanto ele se repete; girando sobre si próprio, marca 12 sempre duas vezes ao dia. Não importa por qual caminho vamos, a multidão estará lá, correndo a passos apressados. Cedo ou tarde, desejaremos voltar atrás e por fim acabaremos trilhando a inevitável jornada à frente. Sempre!

Tantos passos adiante tornam desejoso um outro caminho, mesmo que não seja o nosso. Um livro nos leva durante dias para outra jornada. Um filme, algumas horas. Uma música, por alguns minutos. Corremos assim no caminho de outras pessoas. Rimos, choramos, torcemos,mas no final sabemos que era puro entretenimento e, querendo ou não, voltamos para a nossa própria jornada.
A tristeza se torna inevitável. Às vezes dura até um chocolate, ou a conversa com um amigo, uma boa noite de sono, talvez, ou encontrar uma nova paixão.
Mas há tristeza de 100 metros. É como barreiras que temos de passar por cima, pulando alto para nem triscar. Porém, quanto mais esvaído é o ânimo, mais baixo são os pulos. E quando menos queremos, estamos no chão. Uma topada seca.

Com vista empoeirada, pensamentos a mil, memória desorganizada, tentamos entender o que aconteceu durante os últimos passos. O desgaste embota a sensação da queda. Às vezes, levamos muitas voltas do relógio para sozinhos percebermos onde estamos. Outras vezes, só reconhecemos que repousamos no chão por ver estendidas em nossa direção algumas poucas mãos dispostas a nos ajudar.

Sem dúvida é pelo amor dessas que, mesmo em meio ao cansaço, levantamo-nos uma vez mais.
Há um sentimento de débito para com essas mãos que sempre nos apóiam. Almejamos correr e realizar conquistas, nem sempre para nós, mas para elas. Porém, a verdade é que se queremos permanecer de pé, temos de fazê-lo por vontade própria…

De pé outra vez, nos esforçamo para não cairmos novamente. Mas vamos sim cair de novo. Olhando aqui de cima, a vida me parece simples. Uma pista, vários caminhos. Sempre uma escolha e o caminho não tomado parece melhor. Tudo o que há já houve e haverá novamente. Corremos apressados, só que atrás de vaidades, como se correndo atrás do vento. Desejamos tudo de bom, tudo mesmo.
E se algo ruim acontece, é como se fosse o fim. Caímos, e levantamos, e corremos outra vez…

Com esses meus passos incertos, embora sempre contínuos, espero ainda pisar com segurança suficiente para tornar minhas as palavras do sábio Robert Frost:

    “Direi isto suspirando em algum lugar, daqui a muito e muito tempo: dois caminhos se separaram e eu… eu escolhi o menos percorrido e isso fez toda a diferença.”

2 comentários:

...EU VOU GRITAR PRA TODO MUNDO OUVIR... disse...

Amiga!

Escolhas são sempre complicadas!

Penso que importante quando resolvemos por determinado caminho é caminharmos como ele o pede,preparados para o que possa acontecer em nossa jornada e o mais importante sem olhar para trás...

Um beijo e meu carinho em seu novo caminho!

Sonia Regina

Anônimo disse...

Que se poderá dizer a este teu texto !!!... Na verdade, se a mente está cansada, se calhar, teremos que nos remeter ao silêncio e aguardar que ela recupere.
Parabéns
Tomanel
Portugal - Algarve - Faro