sábado, 13 de dezembro de 2008

Duas faces


Eu tento preencher minha vida com o vazio das palavras das músicas que ouço.
Eu tento caminhar com as próprias pernas a fim de não depender do caminho que meus dedos seguirão.
Eu tento engolir as lágrimas para não aguar o construído.
Eu tento não olhar para trás, porque só o passado tem o poder de me remeter às mais diversas sensações e ocasiões, e minha mente e meu coração continuam sempre me dizendo “tente nunca se lembrar do que foi ruim”.
Eu tento sorrir com um ar falso de compaixão a fim de jamais ferir os já feridos.
Muitas vezes eu não consigo isso.
Eu tento me segurar enquanto miro meus olhos que mesmo sem poder falar uma só palavra, dizem tudo, toda verdade omitida pela fala.
Penso no indiferente, no acabado, no que farei, no que deixei de falar e no que eu gostaria de ter feito. Ofensas vindas de todo lado que hoje me divertem.
Ligava, liguei, não ligo mais, não ligarei. Quem se importa? O que me importa ? Me importar tentar seguir em frente.
Minha auto-destruição é a minha única luta, porque eu não jogo para perder.
Nunca fui o que quis.
Nunca quis o que fui.
Nunca fui invadido por uma felicidade duradoura.
E nunca fizeram questão de tentar.
Mas eu tentei tudo o que não tive.
Pensei em todos os detalhes que não deram certo, os que estão dando certo e os que, futuramente, darão e não darão certo.
Gosto de coisas simples, como ler frases bonitas, pensar e realizar, querer e poder, sentir que sou o que não sou para me satisfazer, escutar o que expresse o que está dentro de mim,
fazer o que eu tenho vontade, escrever o que sinto, ser quem as pessoas não podem deixar pra trás, amar infinitamente, sentir, olhar a lua, pensar e transmitir, rir, fazer rir, frases feitas, felicidade instantânea, sorrir, fazer sorrir, sentir uma brisa de felicidade, ouvir uma música agitada e dançar,
ouvir uma música linda e chorar, falar uma coisa, sentir outra, fazer as pessoas felizes,
arrancar seus vestígios de mim, sentir bem estar, conversar e mostrar o quanto eu posso qualquer coisa que eu quiser.
Mas sou uma pessoa substituta, quase nada é possível quando eu estou lúcida.
Já cheguei a pensar que eu me amasse de verdade mas, talvez eu esteja me afogando, e esteja apenas nadando em volta de mim.
Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar.
Acho que eu não entendo o que eu falo, porque tenho duas faces.

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