terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O silêncio


Como o tempo passa rápido, não sei mais quem sou nem quem fui.
São tantas lembranças, até as coisas simples marcam nossas vidas, faz tanto tempo, mas parece que foi ontem...
Parece q foi ontem que lavei as roupinhas das minhas bonecas na água da chuva que corria pela minha rua,
Parece q foi ontem que estava na sala de aula, ficando com os olhos arregalados quando a mãe de uma das minhas colegas entrou na sala correndo com uns chinelos felpudos na mão para a filha aquecer os pezinhos frios do Inverno.
Ainda no dia desta engreçada situação fiquei sabendo que os tais chinelinhos felpudos se chamavam "pantufas",
cheguei em casa e a primeira coisa que disse foi:
- Mãe, a mãe da Anabela levou umas "Pantufas" hoje para ela calçar na sala!
A minha mãe não disse nada mas no dia seguinte eu tinha umas pantufinhas para estar com os pezinhos quentinhos em casa.
Parece que foi ontem que em dia chuvoso, já mocinha feita ficava a jogar ao «21» numa mesa do nosso café do momento.
Parece que foi ontem que encontrei o amor da minha vida e entreguei a ele meu coração. Parece que foi ontem... E agora o que me resta é meu silêncio
O meu silêncio está comigo outra vez...
Muitas vezes bateu em minha porta e se sentou comigo no meu quarto vazio. Se aconchegava até eu prometer que iria continuar o" jogo da vida".

Mais uma vez, ele chegou, não que eu não soubesse disso , sempre senti a hora da sua chegada.
E desta vez, está ficando tempo demais. Está demorada, é longa a sua estadia.
Não me deixa camuflar tristezas nem inventar alegrias, como antes o fazia.
Me entrelaçou em cerco de ervas daninhas com pequenas frestas que me fazem tocar o chão para onde espero voltar um dia...

Mas, talvez exista ainda algo para sonhar até ao chão regressar, e numa dessas brechas encontrarei uma saída, para voar, mesmo que iludida.
Sei, porém, que, seja o meu voo estreito, largo, extenso ou curto, alto, baixo ou um tanto prolongado, o chão espera a minha, como espera a tua volta, quer fujamos para este ou para aquele lado.

Não gosto do meu silêncio quando ele dura tempo demais, me deixa prostrada e o cheiro do chão tem essência de nada... (ou talvez não)
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